domingo, 25 de abril de 2010

O que sobra depois da Usina de Belo Monte?

Hoje, vivendo na Amazônia, contemplando o tanto de beleza natural que ainda existe, penso "que bom que o 'progresso' não passou por aqui". Mas isso é temporário. As obras de Belo Monte estão previstas para o segundo semestre deste mês, apesar de toda a deficiência técnica contida na autorização do Ibama, apesar das liminares suspendendo o lilão (que já foi feito), essa luta quem ganha é o dinheiro,afinal o que é o pensamento povo local perto do interesse das empreiteiras??? A construção da usina não atende o interesse dos povos que serão prejudicados, mas quem se importa, né??

O que posso fazer é divulgar a carta do povo do Xingu e aproveitar o Tapajós, enquanto ele ainda existe.


Nós,indígenas do Xingu, não queremos Belo Monte

Por Cacique Bet Kamati Kayapó, Cacique Raoni Kayapó Yakareti Juruna
Nós, indígenas do Xingu, estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas terras, mas lutamos também pelo futuro do mundo
O presidente Lula disse na semana passada que ele se preocupa com os índios e com a Amazônia, e que não quer ONGs internacionais falando contra Belo Monte. Nós não somos ONGs internacionais.
Nós, 62 lideranças indígenas das aldeias Bacajá, Mrotidjam, Kararaô, Terra-Wanga, Boa Vista Km 17, Tukamã, Kapoto, Moikarako, Aykre, Kiketrum, Potikro, Tukaia, Mentutire, Omekrankum, Cakamkubem e Pokaimone, já sofremos muitas invasões e ameaças. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, nós índios já estávamos aqui e muitos morreram e perderam enormes territórios, perdemos muitos dos direitos que tínhamos, muitos perderam parte de suas culturas e outros povos sumiram completamente. Nosso açougue é o mato, nosso mercado é o rio. Não queremos mais que mexam nos rios do Xingu e nem ameacem mais nossas aldeias e nossas crianças, que vão crescer com nossa cultura.
Não aceitamos a hidrelétrica de Belo Monte porque entendemos que a usina só vai trazer mais destruição para nossa região. Não estamos pensando só no local onde querem construir a barragem, mas em toda a destruição que a barragem pode trazer no futuro: mais empresas, mais fazendas, mais invasões de terra, mais conflitos e mais barragem depois. Do jeito que o homem branco está fazendo, tudo será destruído muito rápido. Nós perguntamos: o que mais o governo quer? Pra que mais energia com tanta destruição?
Já fizemos muitas reuniões e grandes encontros contra Belo Monte, como em 1989 e 2008 em Altamira-PA, e em 2009 na Aldeia Piaraçu, nas quais muitas das lideranças daqui estiveram presentes. Já falamos pessoalmente para o presidente Lula que não queremos essa barragem, e ele nos prometeu que essa usina não seria enfiada goela abaixo. Já falamos também com a Eletronorte e Eletrobrás, com a Funai e com o Ibama. Já alertamos o governo que se essa barragem acontecer, vai ter guerra. O Governo não entendeu nosso recado e desafiou os povos indígenas de novo, falando que vai construir a barragem de qualquer jeito. Quando o presidente Lula fala isso, mostra que pouco está se importando com o que os povos indígenas falam, e que não conhece os nossos direitos. Um exemplo dessa falta de respeito é marcar o leilão de Belo Monte na semana dos povos indígenas.
Por isso nós, povos indígenas da região do Xingu, convidamos de novo o James Cameron e sua equipe, representantes do Movimento Xingu Vivo para Sempre (como o movimento de mulheres, ISA e CIMI, Amazon Watch e outras organizações). Queremos que nos ajudem a levar o nosso recado para o mundo inteiro e para os brasileiros, que ainda não conhecem e que não sabem o que está acontecendo no Xingu. Fizemos esse convite porque vemos que tem gente de muitos lugares do Brasil e estrangeiros que querem ajudar a proteger os povos indígenas e os territórios de nossos povos. Essas pessoas são muito bem-vindas entre nós.
Nós estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas terras, pelas nossas florestas, pelos nossos rios, pelos nossos filhos e em honra aos nossos antepassados. Lutamos também pelo futuro do mundo, pois sabemos que essas florestas trazem benefícios não só para os índios, mas para o povo do Brasil e do mundo inteiro. Sabemos também que sem essas florestas, muitos povos irão sofrer muito mais, pois já estão sofrendo com o que já foi destruído até agora. Pois tudo está ligado, como o sangue que une uma família.
O mundo tem que saber o que está acontecendo aqui, perceber que destruindo as florestas e povos indígenas, estarão destruindo o mundo inteiro. Por isso não queremos Belo Monte. Belo Monte representa a destruição de nosso povo.
Para encerrar, dizemos que estamos prontos, fortes, duros para lutar, e lembramos de um pedaço de uma carta que um parente indígena americano falou para o presidente deles muito tempo atrás: " Só quando o homem branco destruir a floresta, matar todos os peixes, matar todos os animais e acabar com todos os rios, é que vão perceber que ninguém come dinheiro " .
Cacique Bet Kamati Kayapó, Cacique Raoni Kayapó Yakareti Juruna, representando 62 lideranças indígenas da Bacia do Xingu

sexta-feira, 23 de abril de 2010

"O que se vê não cabe no que se diz"

Há 8 meses morando em Santarém, ainda não tinha tido a sensação de estar na amazônia. Tá certo que vejo botos na orla da cidade, iguana atropelada na rua, mas a floresta amazônica mesmo... não, não parecia que eu estava nela. No último feriado(21), fui a uma praia chamada Pindobal, já conhecia outras praias aqui, que são bem legais e bonitas, mas essa foi diferente. Estando no rio, vc vê uma mata fechada a 30metros de distância. E pra completar, estávamos coversando sobre os botos, minha amiga contando que estando tanto tempo aqui, só foi vê-los em Manaus, e papo vai, papo vem, o bicho veio provar que existia e subiu, bem atrás dela, do susto, num piscar eu já estava na beira, mas o bicho foi embora, só quis mesmo mostrar que não precisa ir longe pra mergulhar com eles. É isso, fiquei realmente encantada com a beleza do lugar e a sensação...inexplicável. Vai aí algumas fotos, o que deu para a câmera registrar, pq o que se vê é muito mais que isso.






"O que se vê não se aloja, jamais cabe no que se diz." Foucault

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Paixão desse nosso lugar!


Já que no post anterior falei sobre comida, vale agora acompanhá-lo da bebida. No Maranhão a sensação é o guaraná Jesus, que apesar do título de "guaraná", me parece, lembra cravo e canela. Aqui o refri oficial é o guaraná Tuchaua, fabricado em Manaus e com força total aqui no Pará, esse é mesmo de guaraná, ou da essência dele. O Tuchaua é muito gostoso, bem diferente do guaraná Antártica ou do terrível Kuat, ele é mais concentrado, é refrescante. Nosso amigo Edeílton, um baiano que agora tbm mora aqui já o elegeu "o melhor guaraná" e eu assino embaixo.
Além de ser gostoso ele tem um jingle chiclete, que faz vc passar o dia cantarolando: Tuchaua é meu sabor, Tuchaua é minha emoção, esse é meu guaraná, paixão desse nosso lugar.
Então fica a dica, chegando na amazônia a pedida é: qualquer coisa pra comer e tuchaua pra beber, afinal é a paixão desse lugar, assim vale experimentar.

Vai um peixinho???

Eu sempre olhei atravessado para peixes de água doce, como boa "garota litorânea" peixe bom é o do mar. Também pudera todas as minhas experiências com os tais de água doce tinham um amargo gosto de lama... argh! Mas aqui no Norte a coisa mudou, rodeada de "peixes doces" tive que largar de mão meu preconceito e experimentar, que maravilhosa surpresa, os peixes aqui são DELICIOSOS (em caixa alta mesmo). Tucunaré, surubim, charutinho, pescadinha, mapará ... o pirarucu eu passo a vez, pq o danado é sem graça (e é justamente um dos que se come pelo Nordeste). Acho que isso se deve ao tamanho dos rios, são quase um mar. Pois bem, agora eu posso dizer que adoro peixe de rio.

Esse tucunaré foi devorado na praia de Ponta de Pedras, bem aqui pertinho da cidade ( e o que não é perto aqui???) e tava muuuuuito bom. Até o cachorrinho do Ian foi conferir.

domingo, 11 de abril de 2010

Mais peixes

Agora o defeso da maioria dos peixes acabou, mas essa matéria eu só vi agora. Mais uma do Engenheiro Pescador rodeado de peixes... pescados ilegalmente.



a matéria: http://notapajos.globo.com/lernoticias.asp?id=31637

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Vamos à escola!!!

Em terra sem estradas, a opção vem pelo rio.

Condução escolar