terça-feira, 28 de setembro de 2010

Diário de Bordo - Belém, uma íntima desconhecida .

Morando há um ano no Pará, estive em Belém várias vezes, mas só fazendo conexão pra Santarém; fui, então, conhecer a cidade. Rodrigo estava a trabalho, portanto resolvi “turistar” sozinha. Primeiro dia encontrei uma amiga, aqui de Santarém, num shopping looonge, fui de táxi e voltei de ônibus certa de que não iria me perder pois estava munida do meu celular com GPS, pois bem, assim que entrei no ônibus, liguei o GPS, andamos 200m e o bicho quebrou, deve ter sido o calor, tadinho, estava eu, num ônibus em Belém, sem GPS, sem celular... me achei sozinha! A partir daí, vi como era fácil andar em Belém, de ônibus. Achei a cidade, que até então não tinha passado do aeroporto, tão íntima, tão familiar, parece com um Recife em proporções menores, o trânsito de Belém, que todos dizem que é caótico, é fichinha perto do de Recife. As ruas são bem arborizadas, as mangueiras ornamentam a cidade inteira, o que ameniza o calor quase insuportável, até pra uma recifense. Munida da minha câmera, quase sem bateria, fui aos pontos turísticos da cidade: Estação das Docas, Ver-o-peso, Casa das 11 janelas, Forte do Presépio, Mangal das Garças, o que me rendeu fotos legais e muitos elogios.
O Ver-o-peso é aquela coisa: sujo, fedido, agoniante, mas é atração da cidade, deve ser conhecido, açaí rola solto, mas eu não gosto. Logo ali, ao lado, a Estação das Docas, linda e gostosa, lá você aprecia o rio Amazonas, o porto da cidade, barcos, navios, bajaras e aviões passam a todo momento, e ainda se delicia, lá dentro tem uma porção de buffets, comi no Lá em Casa, muito recomendado nos guias da cidade, nada fantástico; espetacular é o sorvete Cairu, a vitrine é de dar água na boca cores e mais cores convidam aos sabores da terra, cupuaçu foi a minha pedida, nas Docas, ainda, vc também come do açaí, e a tapioca da Amazônia e toma um chope de fabricação local; A estação é parada obrigatória. O Mangal das Garças é agradabilíssimo, um clima bom, um mirante na beira do rio, garças, flamingos, araras adornam o lugar, por R$3,00 você sobe no farol de 3 andares e contempla a cidade do alto. Casa das 11 janelas é linda, tem um restaurante e um bistrô contemplando o rio, duas exposições estavam acontecendo, uma de fotos e uma de gravuras. Logo ao lado o Forte do Presépio, onde vc tem uma visão muito legal da Casa das 11 janelas e do Ver-o-Peso, nele uma exposição de peças da época colonial, armas de índios, peças de soldados portugueses e todos os apetrechos da época. O melhor é que todos esses lugares são pertinhos e vc faz esse tour em uma manhã. Por fim, almoçar nas Docas é a pedida.






Para comer: Numa das oites fomos num restaurante no São Bras, bairro em que estávamos hospedados, o Dom Spetto, onde comemos um filé de búfalo com mussarela de búfala, super aprovado e recomendado, uma delícia. No Dedão, também pertinho do hotel, mas não sei o bairro, é o point pra comer caranguejo, enorme, diga-se de passagem, o preço é salgado, mas o caranguejo valeu a pena.

A Secretaria de Cultura é uma atração na cidade, um ambiente arborizado, com várias pracinhas temáticas, orquidário, opção pra passar a manhã por lá, lendo, conversando e terminar com um almoço no Restaurante La Pomme D’or, na própria Secult.
Belém vale muito a pena ser conhecida.


"Olhando os meus olhos de verde e floresta
Sentindo na pele o que disse o poeta
Eu olho o futuro e pergunto pra insonia
Sera que o Brasil nunca viu a Amazonia"
- Nilson Chaves, compositor paraense.

*Para conhecer a cidade de ônibus como eu: http://rotadosonibus.blogspot.com/
*Para escolher onde comer: http://vejabrasil.abril.com.br/belem

segunda-feira, 21 de junho de 2010

As vuvuzelas são nossas...


Estou morando no "Quarteirão da Copa", o trecho mais animado de todo o centro, pra minha tristeza e quase loucura, o barulho é tremendo, acordo ao som de "Eu te amo meu Brasil, eu te amo...", dá pra imaginar o bom humor, né???
Mas tudo bem, Copa do Mundo é sempre bem vinda, vuvuzelas nem tanto, mas me rendi ao pedido de Rodrigo e comprei uma, aliás uma vuvuzela e uma corneta que é muuuuuuuuuuito pior, um barulho do oeste (do Pará).
Voltando à Copa, antes de começar comentei com minha mãe que aqui falta muita energia e que teria uma grande possibilidade de isso acontecer no jogo, já que telões, caixas de som, home theater e toda a parafernalha que os torcedores adoram estaria ligada; pois bem assistimos Brasil e Coréia na casa de um amigo e tudo correu normal, ainda bem. Resolvemos, pelo calor infernal que passamos, assistir Brasil e Gervinho num bar, com ar e conforto, mas foi justamente lá que faltou a energia, pior, segundos antes do gol do Brasil; cheguei a pensar que o CQC da Argentina atracou de barco na Pérola do Tapajós, mas o problema foi o disjuntor(escreve assim???) do bar, foi só o tempo do gol e do replay, e consertaram o danado, só pra dar aquela raivinha. O ruim é que as vuvuzelas não precisam de energia, essas não calaram.
Moral da história: A Copa foi feita pra gente sofrer, acorda-se com muito barulho, assiste-se jogo no calor, qdo estamos num lugar climatizado não vemos o gol, as vuvuzelas não calam e o Galvão Bueno também não.

Aproveitando a deixa e sucesso estrondoso da internet: @calabocagalvao

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Xiiii, que saudade dos meus amigos.


De repente bate aquela tristeza, uma vontade de ter meus amigos, ou pelo menos algum deles, por perto. Mas tão looonge! Nossa relação agora é pela internet. Sinto falta dos abraços, das mancadas, das farras, das idiotices essencais, de tudo. POr mais que vc conheça pessoas, sinta afinidade e divirts-se com elas, nada é, sequer, parecido como é com seus amigos, né verdade? Pq esses amigos que eu falo, são amigos de verdade, que te conhecem, que sabem o q vc sente por um olhar, que pegam no seu nariz e dizem: "bitibitibiti"; são os amigos que falam que vc tá chato "pra caralho", que mandam vc "tomar o cu" e vc não se ofende; que bebe até as últimas e vai vomitar lá na sua casa; que vc liga pra comer caranguejo do outro lado da cidade; que falta trabalho pra tomar cerveja em pleno dia de semana, só pq vc veio lá de Santarém e vai embora na semana que vem; que faz questão de ir tomar café só pra fofocar; enfim os amigos fazem vc se sentir, simplesmente, vc; e diga o que disser ele sempre sabe quem vc é. Pq ninguém faz amigos, né??? eles que fazem vc. Eu com meus longos 25 anos de pura maturidade (ai!) já tou feitinha, por causa deles. Amo muito e sinto muita falta. aiai!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Dia das mães mocorongo

Pois é, domingo tinha tudo pra ser um dia deprê, longe das mainhas da gente. Mas fizemos melhor, marcamos um churrasco aqui em casa pra encher a cara e esquecer a distância... deu certo! O bom aqui é que estamos todos no mesmo barco, longe da família, dos amigos, dos cachorros, o que faz com que fiquemos bem próximos e, amigos que bebem unidos, ficam bêbados unidos. E esse povo, insaciável que é, depois de beber todas, foi prum bar beber mais! Vôte!
Ah! e no fim da noite, a discussão de sempre, qual a mulher que bebe mais, sem conclusão, o páreo é realmente duro.
No mais, beijos para as nossas mãezinhas.

Fotos da farra, que começou pela manhã e fechou no fim da noite:



domingo, 25 de abril de 2010

O que sobra depois da Usina de Belo Monte?

Hoje, vivendo na Amazônia, contemplando o tanto de beleza natural que ainda existe, penso "que bom que o 'progresso' não passou por aqui". Mas isso é temporário. As obras de Belo Monte estão previstas para o segundo semestre deste mês, apesar de toda a deficiência técnica contida na autorização do Ibama, apesar das liminares suspendendo o lilão (que já foi feito), essa luta quem ganha é o dinheiro,afinal o que é o pensamento povo local perto do interesse das empreiteiras??? A construção da usina não atende o interesse dos povos que serão prejudicados, mas quem se importa, né??

O que posso fazer é divulgar a carta do povo do Xingu e aproveitar o Tapajós, enquanto ele ainda existe.


Nós,indígenas do Xingu, não queremos Belo Monte

Por Cacique Bet Kamati Kayapó, Cacique Raoni Kayapó Yakareti Juruna
Nós, indígenas do Xingu, estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas terras, mas lutamos também pelo futuro do mundo
O presidente Lula disse na semana passada que ele se preocupa com os índios e com a Amazônia, e que não quer ONGs internacionais falando contra Belo Monte. Nós não somos ONGs internacionais.
Nós, 62 lideranças indígenas das aldeias Bacajá, Mrotidjam, Kararaô, Terra-Wanga, Boa Vista Km 17, Tukamã, Kapoto, Moikarako, Aykre, Kiketrum, Potikro, Tukaia, Mentutire, Omekrankum, Cakamkubem e Pokaimone, já sofremos muitas invasões e ameaças. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, nós índios já estávamos aqui e muitos morreram e perderam enormes territórios, perdemos muitos dos direitos que tínhamos, muitos perderam parte de suas culturas e outros povos sumiram completamente. Nosso açougue é o mato, nosso mercado é o rio. Não queremos mais que mexam nos rios do Xingu e nem ameacem mais nossas aldeias e nossas crianças, que vão crescer com nossa cultura.
Não aceitamos a hidrelétrica de Belo Monte porque entendemos que a usina só vai trazer mais destruição para nossa região. Não estamos pensando só no local onde querem construir a barragem, mas em toda a destruição que a barragem pode trazer no futuro: mais empresas, mais fazendas, mais invasões de terra, mais conflitos e mais barragem depois. Do jeito que o homem branco está fazendo, tudo será destruído muito rápido. Nós perguntamos: o que mais o governo quer? Pra que mais energia com tanta destruição?
Já fizemos muitas reuniões e grandes encontros contra Belo Monte, como em 1989 e 2008 em Altamira-PA, e em 2009 na Aldeia Piaraçu, nas quais muitas das lideranças daqui estiveram presentes. Já falamos pessoalmente para o presidente Lula que não queremos essa barragem, e ele nos prometeu que essa usina não seria enfiada goela abaixo. Já falamos também com a Eletronorte e Eletrobrás, com a Funai e com o Ibama. Já alertamos o governo que se essa barragem acontecer, vai ter guerra. O Governo não entendeu nosso recado e desafiou os povos indígenas de novo, falando que vai construir a barragem de qualquer jeito. Quando o presidente Lula fala isso, mostra que pouco está se importando com o que os povos indígenas falam, e que não conhece os nossos direitos. Um exemplo dessa falta de respeito é marcar o leilão de Belo Monte na semana dos povos indígenas.
Por isso nós, povos indígenas da região do Xingu, convidamos de novo o James Cameron e sua equipe, representantes do Movimento Xingu Vivo para Sempre (como o movimento de mulheres, ISA e CIMI, Amazon Watch e outras organizações). Queremos que nos ajudem a levar o nosso recado para o mundo inteiro e para os brasileiros, que ainda não conhecem e que não sabem o que está acontecendo no Xingu. Fizemos esse convite porque vemos que tem gente de muitos lugares do Brasil e estrangeiros que querem ajudar a proteger os povos indígenas e os territórios de nossos povos. Essas pessoas são muito bem-vindas entre nós.
Nós estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas terras, pelas nossas florestas, pelos nossos rios, pelos nossos filhos e em honra aos nossos antepassados. Lutamos também pelo futuro do mundo, pois sabemos que essas florestas trazem benefícios não só para os índios, mas para o povo do Brasil e do mundo inteiro. Sabemos também que sem essas florestas, muitos povos irão sofrer muito mais, pois já estão sofrendo com o que já foi destruído até agora. Pois tudo está ligado, como o sangue que une uma família.
O mundo tem que saber o que está acontecendo aqui, perceber que destruindo as florestas e povos indígenas, estarão destruindo o mundo inteiro. Por isso não queremos Belo Monte. Belo Monte representa a destruição de nosso povo.
Para encerrar, dizemos que estamos prontos, fortes, duros para lutar, e lembramos de um pedaço de uma carta que um parente indígena americano falou para o presidente deles muito tempo atrás: " Só quando o homem branco destruir a floresta, matar todos os peixes, matar todos os animais e acabar com todos os rios, é que vão perceber que ninguém come dinheiro " .
Cacique Bet Kamati Kayapó, Cacique Raoni Kayapó Yakareti Juruna, representando 62 lideranças indígenas da Bacia do Xingu

sexta-feira, 23 de abril de 2010

"O que se vê não cabe no que se diz"

Há 8 meses morando em Santarém, ainda não tinha tido a sensação de estar na amazônia. Tá certo que vejo botos na orla da cidade, iguana atropelada na rua, mas a floresta amazônica mesmo... não, não parecia que eu estava nela. No último feriado(21), fui a uma praia chamada Pindobal, já conhecia outras praias aqui, que são bem legais e bonitas, mas essa foi diferente. Estando no rio, vc vê uma mata fechada a 30metros de distância. E pra completar, estávamos coversando sobre os botos, minha amiga contando que estando tanto tempo aqui, só foi vê-los em Manaus, e papo vai, papo vem, o bicho veio provar que existia e subiu, bem atrás dela, do susto, num piscar eu já estava na beira, mas o bicho foi embora, só quis mesmo mostrar que não precisa ir longe pra mergulhar com eles. É isso, fiquei realmente encantada com a beleza do lugar e a sensação...inexplicável. Vai aí algumas fotos, o que deu para a câmera registrar, pq o que se vê é muito mais que isso.






"O que se vê não se aloja, jamais cabe no que se diz." Foucault

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Paixão desse nosso lugar!


Já que no post anterior falei sobre comida, vale agora acompanhá-lo da bebida. No Maranhão a sensação é o guaraná Jesus, que apesar do título de "guaraná", me parece, lembra cravo e canela. Aqui o refri oficial é o guaraná Tuchaua, fabricado em Manaus e com força total aqui no Pará, esse é mesmo de guaraná, ou da essência dele. O Tuchaua é muito gostoso, bem diferente do guaraná Antártica ou do terrível Kuat, ele é mais concentrado, é refrescante. Nosso amigo Edeílton, um baiano que agora tbm mora aqui já o elegeu "o melhor guaraná" e eu assino embaixo.
Além de ser gostoso ele tem um jingle chiclete, que faz vc passar o dia cantarolando: Tuchaua é meu sabor, Tuchaua é minha emoção, esse é meu guaraná, paixão desse nosso lugar.
Então fica a dica, chegando na amazônia a pedida é: qualquer coisa pra comer e tuchaua pra beber, afinal é a paixão desse lugar, assim vale experimentar.